quarta-feira, 24 de novembro de 2010

PARA SE PRODUZIR BOAS SEQUENCIAS DIDÁTICAS

PARA SE PRODUZIR BOAS SEQUENCIAS DIDÁTICAS



Por Adriano Vieira


A elaboração de sequências didáticas na concepção da metodologia dialógica – ação, reflexão, ação – tem como propósito desenvolver a condição de autoria do professor, de fortalecer sua autonomia, enquanto sujeito do processo.

Este é o momento de decisões a respeito do que e do como ensinar, ou seja, de selecionar conhecimentos considerados importantes, válidos ou essenciais para comporem o currículo de educação física e formas adequadas de desenvolvê-los para que ocorra a aprendizagem.

Para que essa produção siga na perspectiva da democratização da educação e da melhoria da qualidade de ensino, torna-se imprescindível que ela seja produto das reflexões e dos pactos coletivos estabelecidos na rede pública, no caso aqui, no programa EPV (estudar pra valer – parceria entre a Secretaria Municipal de Educação do Municipal de Araraquara com a Fundação Wolkswagen), uma vez que agora é hora de tomar decisões curriculares em relação aos conteúdos, às metodologias e às atividades de sala de aula, que deverão ser compatíveis com os referidos pactos.

A produção exige esforço. Demanda estudo, um processo de aprofundamento teórico e um exercício constante de compatibilização entre teoria e prática, conteúdo e forma, objetivos e propostas.

Essa é a hora em que o olhar do professor se volta, sobremaneira, para o aluno real e concreto e seu contexto. Assim, considera o aluno, com as peculiaridades de seu momento de vida, de sua forma de pensar e de seu universo cultural para que as situações de ensino e aprendizagem, em sala de aula, possam ser significativas e instigantes.

As SDs (sequências didáticas) se tornam subsídios de apoio pedagógico para auxiliar os professores em sala de aula. Estimulam os professores a criar boas situações de ensino e aprendizagem para a sala de aula, no contexto do EPV, a partir de seu repertório e de estudos e pesquisas sobre os conteúdos escolhidos;

Em relação aos conteúdos a serem abordados nesses subsídios devem privilegiar conteúdos que se referiam à cultura local e à cultura de Araraquara, além é claro, de propostas claras de trabalho com leitura e produção de textos.

O QUE SÃO SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS?


Várias são as fontes que tratam de sequências didáticas, mas nós, com base no dia a dia escolar, denominamos sequências didáticas como:

“Situações de ensino e aprendizagem planejadas, organizadas passo a passo, com o objetivo de promover uma aprendizagem definida. Constituem um conjunto de atividades sequenciadas com graus de dificuldade crescente para que os alunos possam, gradativamente, apropriarem-se de conhecimentos, atitudes e valores considerados fundamentais. As sequências didáticas não têm duração determinada, podendo ser planejadas para serem desenvolvidas em várias aulas e durar dias, semanas ou meses.”


SOBRE A ESTRUTURA DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA



As sequências didáticas, elaboradas no contexto do EPV, compõem-se dos seguintes momentos:

1 - Apresentação da proposta de trabalho;

2 - Levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos;

3 - Ampliação dos conhecimentos;

4 - Sistematização dos conhecimentos e avaliação.


O trabalho inicia-se com o anúncio para os estudantes do que vai ser estudado. É o compartilhamento da proposta de trabalho com eles, dando-lhes uma visão geral do processo a ser desenvolvido e explicitando os pontos de chegada.

A seguir, faz-se o levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos sobre o assunto a ser estudado. Isso significa investigar os conhecimentos que adquiriram em suas experiências anteriores, dentro e fora da escola, sobre o assunto. É importante conhecer o que já sabem a respeito do que vai ser estudado para relacionar esses conhecimentos, intencionalmente, ao que se quer ensinar. Para ativá-los, problematizam-se, de diversas formas, os temas em questão, propondo-se desafios para que ponham em jogo o que sabem. Esse momento pode ser desenvolvido por meio de rodas de conversa, leitura de imagens ou de textos escritos, resolução de problemas, debates, entre outras estratégias. É importante que professores e alunos registrem as concepções e hipóteses levantadas nesse momento para comparar com os novos conhecimentos, ao final do trabalho.

Sabendo o que os alunos já sabem sobre o conteúdo a ser trabalhado, o professor pode planejar de onde partir e o caminho que seguirá para que cheguem onde precisam chegar. É o momento de ampliar os conhecimentos dos alunos, torná-los mais complexos, por meio do estabelecimento de novas e várias relações, a partir de novas informações. Esse momento requer do professor segurança em relação ao conteúdo e às formas de desenvolvê-lo, considerando-se a heterogeneidade dos níveis de conhecimento e a faixa etária dos adolescentes e jovens. As atividades de ampliação devem propiciar “um mergulho” no tema, de formas variadas como pesquisas em livros, internet, projeção de vídeos ou filmes, realização de entrevistas, saídas em campo, leitura e produção de textos, que trabalhem as noções, conceitos, habilidades e valores desejados. O cuidado com o registro nesse momento é fundamental, pois, ele será a memória das aprendizagens realizadas nessa etapa.


A sistematização dos conhecimentos é o momento de retomar todo o percurso de aprendizagem feito, organizando-se as principais noções e conceitos trabalhados, por meio dos registros efetuados no processo, promovendo-se a apropriação das aprendizagens desenvolvidas pelos alunos e permitindo a professores e alunos uma visão geral do que foi feito, com os avanços e as dificuldades encontradas. É um momento de síntese e também de divulgação dos produtos finais.

É importante verificar que não há uma rigidez entre os diferentes momentos, cabendo, por exemplo, a sistematização, desde o início do levantamento dos conhecimentos prévios, quando se registram as concepções e hipóteses dos alunos a respeito do que vai ser estudado, ao mesmo tempo em que este momento pode servir também para ampliar os conhecimentos, na medida em que se conversa sobre o tema ou se vê um vídeo para problematizar o assunto. O que muda é o enfoque a ser dado a cada um deles.

Em relação ao processo de avaliação, cabe dizer que o mesmo acontece durante todo o percurso da sequência, desde seu início, quando se investigam os conhecimentos prévios dos estudantes, até a sistematização final. Por isso propõe-se que sejam realizados, constantemente, registros do professor e dos alunos sobre as aprendizagens realizadas, os avanços conquistados, as dificuldades enfrentadas, pois a marcha da aprendizagem deve definir a marcha do ensino, tendo como referencial as expectativas de aprendizagem apontadas nas matrizes curriculares. Pretende-se com isso que o estudante desenvolva um processo de auto-avaliação para que tome consciência do próprio processo de aprendizagem, desenvolvendo a sua autonomia intelectual.

Posto o que vem a ser uma sequência didática, aproveito e socializo, mais uma vez, a metodologia adotada na concepção do Estudar Pra Valer. Se tivermos isso claro, podemos criar bastante nas nossas SDs.

METODOLOGIA E ORGANIZAÇÃO DIDÁTICA


A metodologia aqui defendida é a dialógica ação-reflexão-ação (Ler Paulo Freire: Pedagogia do oprimido, em especial o capítulo 3):

- Todos os alunos participam, se envolvem e trazem para a reflexão seus conhecimentos, valores, indagações, sua cultura. Ninguém deve ficar de fora! O professor, por sua vez, se torna pesquisador, organizador, planejador dos assuntos específicos da área e, sobretudo, assume compromisso com a aprendizagem de todos os alunos;

- Os conteúdos devem ser problematizados e discutidos nas diferentes situações de ensino e aprendizagem, sempre em relação aos saberes próprios da Educação Física, da vida do aluno, da localidade e da realidade de modo geral;

- Em diferentes momentos os alunos lêem e produzem textos;

Para fins didáticos, priorizamos na metodologia alguns momentos que consideramos fundamentais, todos importantes e valiosos para a aprendizagem dos alunos:

1 - Apresentação do tema: problematização com os alunos / sensibilização para o assunto a ser abordado;

2 - Levantamento, sistematização e organização dos conhecimentos prévios e valores dos alunos em relação ao assunto a ser abordado. Esse é o momento de conversa para conhecer o que os alunos pensam ou já sabem sobre o tema a ser discutido. Nesse momento, trabalham-se a oralidade, a exposição oral de idéias e opiniões e o levantamento de hipóteses sobre o tema que será discutido. É sempre bom sistematizar os conhecimentos prévios dos alunos para que eles saibam o que sabem;

3 - Ampliação dos conhecimentos dos alunos por meio das atividades;

a) Hora de se mexer - realização de uma atividade da cultura da adolescência (jogos, danças, brincadeiras) para que todos os alunos se movimentem nas aulas, mobilizem seu repertório motório, descubram novas possibilidades de movimentação - sempre a luz da temática selecionada para reflexão. Aqui é importante selecionar atividades significativas na cultura dos alunos. É importante também adaptar as atividades para que todos possam participar.

b) Reflexão sobre a atividade realizada, com o foco na temática abordada e nos conhecimentos prévios dos alunos. Trata-se de outro momento de conversa com os alunos. Aqui são feitos questionamentos e problematizações, relacionam-se os movimentos realizados na vivência motória com a temática que está em discussão. Nesse momento você deve estimular os alunos a se colocarem diante do assunto, a se pronunciarem. É importante articular esse momento com a problemática que iniciou a aula e com a atividade motória executada, formulando questões sobre o que foi feito e sentido pelos alunos e sobre qual a relação entre o que foi aprendido e o dia-a-dia.


c) Sistematização, organização, expressão e registro dos pontos importantes levantados na reflexão. Ao final da reflexão, é importante direcionar um fechamento com base nas falas dos alunos, destacando os pontos importantes da conversa, os conceitos construídos e o objetivo da atividade. É o momento onde a construção do conhecimento pelo aluno deve ser evidenciada em sua realidade, em seus valores, costumes, hábitos e atitudes;


d) Leitura de diferentes gêneros textuais – verbal e não verbal - sobre o assunto abordado. Entendemos que esse é um momento essencial para que o aluno amplie seus conhecimentos e exercite a habilidade de interpretação de textos, ampliando também seu potencial para ler o mundo. Os alunos devem ser organizados individualmente ou em grupos de tamanho diverso, conforme o caso, para leitura de textos sobre o tema em pauta. É importante que os textos a serem trabalhados sejam de diferentes gêneros e que sejam expressos em diferentes linguagens. Esses textos podem ser extraídos de revistas, jornais, folhetos informativos etc.


e) Produção de textos para registro, sistematização, organização e ampliação dos saberes. É o momento de registrar o que foi aprendido, elaborar a síntese do que foi vivido na aula, produzir textos diversos, individualmente, em grupo ou em dupla, sobre os conhecimentos construídos em relação ao tema discutido. O registro proporciona um excelente instrumento de acompanhamento do processo de aprendizagem, permitindo conhecer as dificuldades dos alunos, e reorientar, se necessário, a organização geral das aulas. Um trabalho assim organizado facilita o processo de ensino- aprendizagem, tornando-o mais significativo, e permite que se respeitem os diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos envolvidos, mas buscando promover o progresso de todos.


f) Avaliação: o registro escrito também é, para você professor(a), excelente instrumento para acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos: permite identificar os pontos que não ficaram claros, para serem retomados, bem como os alunos que têm dificuldades, para orientações e intervenções que os ajudem a avançar, tanto na compreensão dos conceitos trabalhados quanto na escrita, isso para melhorar a clareza das idéias ou complementar as informações, quando necessário. Então, a análise de seus registros permite a você reorientar e ou reorganizar as aulas, com base nas informações sobre o desenvolvimento dos alunos em relação ao que foi trabalhado em aula; caso um grupo grande de alunos ou toda a classe apresente a mesma dificuldade, ou incompreensão do conceito trabalhado, você certamente irá refazer o planejamento da(s) aula(s). Assim, a avaliação em Educação Física, como nas demais áreas, está a serviço da aprendizagem do aluno: ocorre durante o desenvolvimento das atividades (é contínua), acompanhando a construção do conhecimento pelo aluno, a forma como ele compreende e resolve as situações que lhe são apresentadas (é processual), e visa regular o caminhar do ensino ao caminhar da aprendizagem (é diagnóstica), possibilitando a você, professor(a), intervir para ajudar o aluno a superar a dificuldade encontrada.

 
SÍNTESE DA ABORDAGEM METODOLÓGICA


O trabalho ora proposto exige metodologia dialógica: ação – reflexão –(transform) ação. Ação pedagógica que parta dos conhecimentos dos jovens, que explicite outras visões de mundo, mais organizadas e sistematizadas, que propicie experiências e socialização de experiências, que provoque discussões, materialize a produção do pensamento, promova a reflexão individual e coletiva, faça sínteses provisórias e apreciativas das discussões, realize produções que explicitem o processo de aprendizagem e o aprendido. A organização e seus princípios também fazem parte dessa metodologia. A organização proposta tem como diretrizes a participação, a solidariedade, a cooperação e o reconhecimento da individualidade de cada um.


Outro elemento constitutivo da metodologia adotada que merece destaque é a preocupação com o letramento, com a necessidade de se reservar espaços privilegiados para a leitura e a escrita, para a o exercício da oralidade e para o contato com outras linguagens - áudio-visual, cênica, musical, matemática – nas aulas. Nessa abordagem metodológica os alunos têm a oportunidade, além de se movimentar, de expressar seus conhecimentos, interagir com outros, discutir e refletir, tomar contato com as mais diversas linguagens, em especial com a leitura, a escrita e a oralidade.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

INTERNET LIVRE OU CABRESTO ELETRÔNICO?

INTERNET LIVRE OU CABRESTO ELETRÔNICO?

Por José Claudio Höfling Filho


No início da década de 1990, quando eu era adolescente, lembro como se fosse hoje minha mãe presenteando a mim e minhas irmãs com nosso primeiro computador. Tenho certeza que esse acontecimento foi um divisor de águas em nossas vidas, tanto por ser algo inovador (pois era um recurso muito caro na época e continua sendo até hoje), quanto pela possibilidade de revelar novos horizontes para nosso o conhecimento, trabalho e lazer.

Embora a internet caminhasse a passos vagarosos naqueles tempos, foi o computador que nos possibilitou a realização de diversas atividades, entre elas as acadêmicas/escolares (na digitação de trabalhos, pesquisas, entre outros), de entretenimento (como jogos e brincadeiras virtuais) e, finalmente, o navegar pela internet, ou como se dizia na época, surfar pela rede.

Lembro que aguardava com entusiasmo o carregamento (downloading) da página da NBA só para ver as imagens do jogador Michael Jordan, astro de basquete da época da equipe Chicago Bulls. Coisas de garoto. Eram horas e horas a fio esperando para que as imagens fossem exibidas, mas a expectativa de descobrir algo novo, algo inédito era a energia que me nutria em cada momento que ficava em frente ao monitor do computador.

O tempo passou (que pena...) e crescemos. Em uma década observamos com espanto e euforia a revolução digital em nossa sociedade. Atualmente, essas ferramentas de comunicação e interatividade são decididamente elementos essenciais em nosso cotidiano. Computadores, celulares, laptops, sistemas de interatividade virtual, ferramentas acadêmicas como a EaD (Educação à Distância), sistemas HD (de alta definição de imagens), internet de alta velocidade, internet livre são sinônimos de sucesso, eficiência e congruência de saberes. Mas é a internet livre, definitivamente, que se caracteriza, em minha opinião, como uma verdadeira ferramenta democrática nos dias atuais, no acesso e na disseminação do conhecimento e da informação.

Quando adentrei na vida adulta, uma de minhas primeiras decisões profissionais foi a de me tornar professor. Devo admitir que minha família teve um papel determinante em minha escolha, pois passei toda minha infância e juventude em ambientes acadêmicos e escolares em função de meus pais serem professores.

Mas minha decisão de me tornar um professor baseou-se fundamentalmente em uma razão simples, mas nobre: a de transmitir conhecimento.

Creio que esta razão também pode ser aplicada à internet livre, pois ela parte do princípio paradigmático de que a transmissão/difusão do conhecimento é algo nobre, digno, democrático e que deve ser de direito de todos.

Mas, como professor, procurei compreender (e ainda procuro) o que a palavra livre significa para nossas vidas. Entre as várias vertentes desta palavra, associam-se outras como a liberdade: de expressão, da escravidão, de escolha, de arbítrio, de errar, de sonhar, de amar, democrática.

Mas uma frase que me chamou a atenção retrata como o livre-liberdade pode ser encarado em nossas vidas:

“A LIBERDADE NÃO TEM QUALQUER VALOR SE NÃO INCLUI A LIBERDADE DE ERRAR. ”
(Mahatma Gandhi – líder político e espiritual da Índia)

Em minha concepção, ser livre representa o ideal de fazer escolhas, de acertar e errar, e por meio dessa liberdade, permitir e garantir a reflexão sobre nossas ações afim de que possamos construir e reconstruir nosso presente e futuro.

Quando soube que a internet livre estaria disponível para os cidadãos de Araraquara fiquei muito feliz, por entender que essa iniciativa permitiria um avanço significativo no que diz respeito à democracia (social e virtual) e à comunicação para nossa cidade.

Como professor do Município de Araraquara, me amparei na expectativa de possibilitar e oferecer aos meus alunos, novas práticas pedagógicas e ferramentas educacionais por meio da internet e também em função da aquisição de novos computadores para a nossa escola (municipal). Essa novidade permitiria, a meu ver, um acesso mais rápido na conexão e abriria novas oportunidades para a utilização de atividades educacionais em rede e pesquisas escolares.

Perfeito! Porém, ao me sentar em frente ao computador da escola (conectado à internet livre) e realizar minha primeira pesquisa tive a primeira desilusão com a chamada democracia eletrônica: o site a ser visitado foi bloqueado pelo servidor eletrônico municipal. Surpreendi-me com o acontecimento e resolvi realizar uma pesquisa aleatória, usando como referência-chave, por exemplo, um blog (um diário online no qual você publica histórias, idéias ou imagens) de cunho educacional de uma colega de trabalho onde são apresentadas diversas atividades pedagógicas. Resultado: Bloqueado!

Nos vinte minutos que se passaram ao longo da pesquisa, meu entusiasmo foi reduzido à zero tamanha a quantidade de bloqueios e negações de acesso ao conteúdo.

Como algo que se denomina livre pode censurar e tolher a busca por informação, por conhecimento? Vale esclarecer, que as pesquisas realizadas por mim tinham como objetivo apenas obter informações educacionais em sites de pesquisa e blogs acadêmicos.

Gostaria também de deixar claro que, ferramentas virtuais de relacionamento/interatividade como Orkut, Facebook, Youtube, twitter, entre outros, que possuem seu apelo comunicativo e interativo (embora ainda mal explorados do ponto de visto educacional) e que são elementos cotidianos e amplamente acessados pela maioria dos navegadores virtuais, nem sequer foram possíveis de serem acessados.

Sinceramente, negar esses processos de relacionamento e de comunicação virtual é deixar de aproveitar uma inegável e rica oportunidade de construir e desenvolver elementos sócioeducativos para nossos alunos, nossa comunidade.

Mas meu objetivo por aqui não é fazer propaganda e promoção de sites e sim trazer uma questão de princípio: a da liberdade de escolha. É pertinente afirmar que a realidade demonstra que muitos usuários da internet ainda utilizam esse ambiente para fins obtusos e por assim dizer, nada nobres (como acessos a pornografia, materiais de cunho racista e de propagação de violência entre outros). No entanto, essa condição pode e deve ser transformada para que este tipo de ferramenta possa se tornar um instrumento para o conhecimento, para o progresso do ser humano. E nada mais conhecido e testado para essa transformação do que a EDUCAÇÃO.

É a educação que transforma, investiga, esclarece e repercute em nossas ações, nossas vidas. É através dela que o livre, a liberdade, a democracia tornam-se concepções fundamentais de nossas escolhas, de nossas reflexões.

Ou como dizia Prof. Paulo Freire (educador e filósofo brasileiro):

"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.”

Somente por meio do exercício da autonomia (condição inseparável da liberdade), podemos construir conceitos como a responsabilidade e o compromisso com o que é certo. Compromisso esse que somente será estabelecido se confiarmos no ser humano, naquele que será capaz de realizar as escolhas certas, sem que para isso seja censurado ou bloqueado previamente.

QUEM CONFIA NÃO BLOQUEIA, QUEM CONFIA ENSINA.

Resta esperar por dias sujeitos a menos interferências, onde seremos capazes de realizar downloadings e conexões mais democráticas e inspiradoras para nossa cidade, para nossa sociedade e para nossas escolas, professores e alunos.



José Claudio Höfling Filho

Professor desde 2005 do Município de Araraquara e Tutor Virtual da UAB-UFScar (Universidade Aberta do Brasil), mantém um blog virtual para fins educacionais: http://educacaofisicaemquestao.blogspot.com